Ainda sou discípulo?
Pedro estava num grande impasse, numa crise tremenda: o que fazer para ajudar ao Mestre, preso no jardim do Getsêmani? Ele e os outros discípulos não haviam dado a devida importância ao pedido de Jesus de orarem por ele (Mc 14.32); depois, ele e seus companheiros “abandonaram a Jesus e fugiram” (Mc 14.50) quando chegaram os guardas; naquele momento, lá estava ele, a olhar de longe o que faziam com Jesus...
- Eu preciso fazer algo... mas, o que? A espada que mostrei ao mestre, eu deveria ter usado no jardim...
Enquanto pensava nisso, veio a confrontação:
- Hei! Tu estavas com Jesus! - ao que ele negou enfaticamente a quem lhe perguntava. Vergonha do mestre? Medo de perder a própria vida? Como não ter esses sentimentos? Quem é que iria convencê-lo a mudar sua postura defensiva? “Quem", não era a pergunta, mas “o que”: o galo cantou.
Pedro lembrou-se do que Jesus lhe havia dito:
- Tu me negarás! (Mc 14.72).
Pedro saiu a chorar amargamente. O discípulo antes mais próximo pela ousadia, havia se tornado o mais distante pela vergonha que havia sentido do mestre e naquele momento, vergonha de si mesmo.
- O que fazer?
No momento da crucificação, distância, novamente... Onde estava Pedro? O herói estava escondido, envergonhado por ter prometido ilusões, por ter negado o Mestre, por ter-se envergonhado do seu amigo de jornada dos últimos três anos...
O fim de Semana se ia, e com ele a tentativa de resolver em seu coração o sentimento de vergonha que ele carregava. Até que veio a notícia: as mulheres entraram na sala onde os discípulos estavam escondidos (Jo 20.19), e anunciaram:
- Ele vive! Ele vive!
Pedro não sabia se ria, ou chorava; enquanto pensava na sua posição de distanciamento do mestre, as mulheres continuaram:
- O anjo lhes deu um recado. Disse que o Mestre vos espera na Galileia! Pedro, quanto a ti, a mensagem foi clara: “Vão e digam aos discípulos dele, e a Pedro, que o encontrem na Galileia” (Mc 16.6) . Quando há arrependimento sincero, até a vergonha é perdoada.
O Mestre continua marcando lugar para se reunir com os discípulos profundamente arrependidos de seus pecados, vergonhas e falhas.